De sacrifício
De conhecimento
De carne machucada
Os joelhos dobrados
Frente ao Cristo
Meu canto compassado
De mulher-trovador.
Ai. Descuidado
Que palavras altas
Que montanha de mágoas
Que águas
De um venenoso lago
Tu derramaste
Nos meus ferimentos.
Que simetria, justeza
Para ferir-me a mim
Como se a cruz quisesse
De mim ser a morada.
E eu canto
Porque é esse o destino
De minha garganta.
E canto
Porque criança aprendi
Nas feiras: ave e mulher
Cantam melhor na cegueira.
Hilda Hilst
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